quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A dor da força desaproveitada

Acabei de ver o vídeo abaixo, com a história de um mendigo chamado Ted Williams e que possui uma bela voz de locutor. Achei muito interessante. Vejam, eu volto na sequencia:



O que dizer? Uma grande voz, que poderia lhe dar, no mínimo, uma vida digna, e talvez, uma vida incrível. Mas então vemos a frase mais interessante "(...) e então o alcool, as drogas e algumas outras coisas se tornaram parte da minha vida e...".

Claro que o caso deste homem é extremo. De um mar de possibilidades ele acabou no deserto da vida nas ruas. Porém o que dizer daqueles casos que não viram notícia, aqueles em que alguém com muitas possibilidades simplesmente, por qualquer motivo, não utiliza todo o potencial que tem, vivendo uma vida medíocre?

Isso me lembrou de um poema que li muito tempo atras, e que consegui encontrar novamente agora:

O lamento das coisas
Augusto dos Anjos


Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos
O choro da Energia abandonada!

E a dor da Força desaproveitada
- O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa…
Da transcendência que se não realiza.
Da luz que não chegou a ser lampejo…

E é em suma, o subconsciente aí formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!

Update: minha esposa acabou de falar que o caso deste homem passou no jornal hoje pela manhã e, segundo consta, ele encontrou um emprego. Meus votos de sucesso para ele.